Certa vez, após adotar um gato, seu tutor não queria que ele subisse no telhado, com medo que escapasse. Haviam telhas de fibra bem velhas na lavanderia por onde o gato, após subir numa bancada, achava uma brecha e passava pelas telhas, alcançando o telhado. Seu tutor fazia de tudo para impedir que o gato subisse: colocava placas de madeira, tampava as brechas com isopor, pregava onde as telhas estavam soltas, instalava grade de arame e etc., sempre achando que “agora o gato não conseguirá passar!”, entretanto o gato dava um jeito, encontrava uma brecha e flup!, lá estava ele no telhado novamente.
Segundo teorias psicanalíticas, o inconsciente da psique humana pode ser entendido como um vulcão de pulsões e afetos reprimidos e recalcados a buscarem satisfação em algum objeto ou ato. Entre a barreira do conteúdo passível de ser realizado (inconsciente) e as formas possíveis de realizar este conteúdo (consciente), há uma instância chamada superego, que faz o papel de guarda de fronteira, tentando controlar o que passa pela barreira.
Perversão ou persuasão: detalhes da ação de um perverso
2021-12-26
Perversão ou persuasão:
detalhes da ação de um perverso
Por Fabiano de Abreu
26 de dezembro de 2021
Características manipuladoras, chantagistas e sedutoras são algumas que traçam o perfil de quem é perverso. A condição, dentro da psicanálise, pode ser entendida como uma estrutura mental tal qual neurose e a psicose
Provavelmente, no seu ciclo social existe uma pessoa extremamente sedutora, que facilmente convence todos ao redor a seguirem suas ideias e planos e que é absurdamente simpática e bem sociável. Para os mais desatentos, trata-se de uma pessoa bem relacionada e com grande poder de influência. Já para os mais atentos, uma pessoa manipuladora, impulsiva, com sentimentos de superioridade e, por fim, perversa.
É sabido que o mundo está repleto deles: pessoas que mentem e têm mania de transgredir as normas sociais sem nenhum sentimento de culpa ou remorso. Os perversos desejam poder e podem adotar práticas entendidas como “desvios” sociais, inclusive quando o assunto é sexo.
A perversão, dentro da psicanálise, é uma estrutura mental como a neurose e a psicose, e não é somente sexual. Teríamos sintomas para analisar os tipos de perversão, que podem ser sexuais...
Hoje vou falar sobre um problema comum e que ainda (infelizmente) é carregado de muito preconceito e falta de conhecimento: a resistência em fazer terapia.
Nossa sociedade se diz “moderna”, “aberta ao novo”, à inclusão e à diversidade, mas quando se fala em procurar um terapeuta, a sobrancelha franze, as mãos cobrem o rosto, e aquele medo profundo toma conta do nosso ser. Afinal, para muitos, terapia é coisa de louco!
Sofremos, choramos, nos deprimimos e não procuramos ajuda. É melhor se sentir um peso, um lixo, um nada, do que quebrar o orgulho e passar por cima do que os outros vão pensar. É melhor nos afastarmos de quem amamos, fugirmos do problema e focarmos apenas na solução mágica, do que nos enfrentar. É melhor o fundo do poço do que fazer terapia. E por quê?
Porque, no fundo, temos medo do que vamos encontrar dentro de nós. Temos medo de descobrir que não somos os “santinhos perfeitos” que mostramos para o mundo, temos medo de perceber que o responsável pelas nossas escolhas somos nós mesmos, e não o outro....