Certa vez, após adotar um gato, seu tutor não queria que ele subisse no telhado, com medo que escapasse. Haviam telhas de fibra bem velhas na lavanderia por onde o gato, após subir numa bancada, achava uma brecha e passava pelas telhas, alcançando o telhado. Seu tutor fazia de tudo para impedir que o gato subisse: colocava placas de madeira, tampava as brechas com isopor, pregava onde as telhas estavam soltas, instalava grade de arame e etc., sempre achando que “agora o gato não conseguirá passar!”, entretanto o gato dava um jeito, encontrava uma brecha e flup!, lá estava ele no telhado novamente.
Segundo teorias psicanalíticas, o inconsciente da psique humana pode ser entendido como um vulcão de pulsões e afetos reprimidos e recalcados a buscarem satisfação em algum objeto ou ato. Entre a barreira do conteúdo passível de ser realizado (inconsciente) e as formas possíveis de realizar este conteúdo (consciente), há uma instância chamada superego, que faz o papel de guarda de fronteira, tentando controlar o que passa pela barreira.
Para que o assunto da importância do sadhana possa ser melhor explorado por nós, dividiremos nossos compromissos em dois tipos: um tipo vamos chamar de “compromisso social”; o outro, de “compromisso pessoal”.
Os compromissos sociais são aqueles que firmamos com os outros. Esse grupo inclui as relações de trabalho, como um emprego pelo qual você se compromete a dedicar X horas por semana. Também inclui os compromissos familiares, pois existem (ou deveriam existir) relações que requerem reciprocidade, como ajudar em algo genérico, comprar alguma coisa, tirar uma dúvida, dar uma carona, etc. Não podemos nos esquecer de incluir os grupos dos quais participamos, que não estão relacionados à nossa profissão, mas visam nosso entretenimento, lazer, estudo, esporte, práticas espirituais, etc.
De forma geral, podemos dizer que as demandas impostas por esses compromissos sociais geram um esgotamento da nossa energia. É comum nos sentirmos cansados após nos dedicarmos a tantos compromissos ao mesmo tempo — e como todos considerados tão importantes, acabamos assumindo diversos deles. O ponto a ser questionado é: como estamos vivendo cada um desses compromissos? Será que estamos...
Para simplificar a história da saga humana sobre a superfície planetária, podemos entender que a raiz do sofrimento encontra-se no apego aos desejos da mente, como sinônimo de ego. Segundo a história, uma das figuras que mais trouxe essa noção foi Siddharta Gautama — o Buda, pois ele investigou a fundo, com esmero e seriedade, a raiz do sofrimento e, consequentemente, as formas para nos libertarmos dele.
Quem é você por trás dos seus pensamentos?
Foto de Dani Mota no Pexels
Note que os desejos de querer e não querer precisam, necessariamente, de “alguém” que quer e que não quer. Este alguém é o ego.
A consciência (quem somos) se utiliza da inconsciência do ego para que, por meio dele, possamos nos reconhecer consciência.
A brincadeira é legal, séria e divertida ao mesmo tempo. Quiçá a maior das responsabilidades que temos: descobrir quem nós somos por trás do ego.
Toda a formação da psique, nesta ou numa vida pretérita...