Odia enlouquece. A rotina enlouquece. Muitas vezes penso que não vou conseguir, vou adoecer de tanto fazer atividades que não me nutrem. Não encontro mais vontade genuína de fazer nada. Não há música nas atividades, ou cores, ou sabores… Enxergo a vida de uma forma acinzentada e isso parece não mudar.
Tomo remédio para depressão. Faço terapia. Sigo uma disciplina de exercícios físicos. Não falto ao trabalho. Mas eu apenas espero. Espero. Espero.
Mas o que de verdade eu estou esperando? Não sei. Sou um ser robotizado, acordo, faço coisas, fico exausta, vou dormir. Durmo mal. Não consigo relaxar. Aperto maxilar. Destruo a placa de bruxismo. E acordo no outro dia para repetir essa coisa sem graça. Sinto que não há vida aqui. Sou um zumbi? Será que sou um zumbi?
Um dia desses, de tão cansada que eu estava, encostei no sofá entre um compromisso e o seguinte e me vi…
“Sentada à beira do mar, eu vejo imensidão. O dia está claro, sem nuvens, e o azul do céu se mistura com o azul das águas, que...
Essa é a invocação da Musa que Homero faz no início da Odisseia:
“Ó, divina poesia, deusa, filha de Zeus, mantenha viva para mim esta canção do homem de múltiplos interesses que depois de ter pilhado o âmago da cidadela da sagrada Troia, foi levado a vagar dolorosamente pelas costas litorâneas de outros povos, vivendo segundo seus costumes, bons ou maus, enquanto o seu coração, ao longo de todas as viagens marítimas, sofria em agonia para se redimir e levar seus homens para casa em segurança. Vã esperança – para eles. Os tolos! Sua própria insensatez os desgraçou. Destruir, pela carne, o gado do mais exaltado Sol, razão pela qual o deus-Sol escureceu o dia à sua volta. Faça com que essa história viva para nós em todos os seus múltiplos significados, Ó Musa…”
E hoje me vejo olhando pela janela de uma cidade interiorana de Minas Gerais, dessas janelas que trazem uma paisagem que seria certamente um convite inspirador para o meu Eu do passado, aquele que vivia com uma caneta e um caderno de anotações, escrevendo e poetizando sem...
Nem todos os dias estamos bem. Aliás, neste período que estamos vivendo, ficar bem tem exigido de muitos de nós uma força sobre-humana, já que o que era comum e normal se transformou sobremaneira e não se reconhece o mundo, que vem se tornando difícil e confuso, dependendo do enfoque que se dê a ele agora. Pensando assim, gostaria de compartilhar com vocês uma maneira que tenho de lidar com a dor, confusão, medo, angústia, desde bem pequena… Eu pego um pedaço de papel e uma caneta e deixo minha mão escrever o que vem, sem questionar, sem julgamentos. Isso geralmente é como um curativo para a ferida, que ainda está muitas vezes bem aberta, mas com atividades como essa, a escrita, a dor do machucado fica menor, pois o pus e a sujeira saem… e o sangue pode correr mais solto e livre, levando embora, no tempo certo, a lembrança da ferida. Muitas vezes restam cicatrizes, mas essas com certeza são amadas no futuro como um prêmio de consolação.
Nem todos os dias estamos bem. Aliás, neste período que estamos vivendo, ficar bem tem exigido de muitos de nós uma força sobre-humana, já que o que era comum e normal se transformou sobremaneira e não se reconhece o mundo, que vem se tornando difícil e confuso, dependendo do enfoque que se dê a ele agora. Pensando assim, gostaria de compartilhar com vocês uma maneira que tenho de lidar com a dor, confusão, medo, angústia, desde bem pequena… Eu pego um pedaço de papel e uma caneta e deixo minha mão escrever o que vem, sem questionar, sem julgamentos. Isso geralmente é como um curativo para a ferida, que ainda está muitas vezes bem aberta, mas com atividades como essa, a escrita, a dor do machucado fica menor, pois o pus e a sujeira saem… e o sangue pode correr mais solto e livre, levando embora, no tempo certo, a lembrança da ferida. Muitas vezes restam cicatrizes, mas essas com certeza são amadas no futuro como um prêmio de consolação.