Quando me aposentei, pensei comigo mesma: agora vou andar por aí, conhecer lugares que sempre tive vontade de visitar. Imaginei-me andando pelas ruas, conversando com as pessoas, observando seus costumes, assistindo a espetáculos teatrais, saboreando pratos típicos, deslumbrando-me com as diversas manifestações culturais. Selecionei vários roteiros de viagem, programei e realizei algumas delas. É sempre muito bom viajar, não acha?
De repente, todos nós fomos surpreendidos com uma pandemia que tolheu nossa liberdade. Que lástima! Quando viajo, liberto-me de muitas coisas: da rotina, do comodismo, das preocupações e até mesmo das obrigações. De uma certa forma, viajar era um projeto prioritário para mim. Sabe aquela ideia de não morrer antes de conhecer algumas maravilhas do mundo? Confesso que fiquei desalentada!
Depois de alguns meses de pasmaceira, iniciei uma viagem inusitada: “sem lenço, sem documento, nada no bolso ou nas mãos”, segui em direção a mim mesma. Em primeiro lugar, arrumei minha cabeça, já que, numa viagem dessa natureza, ela é a mala que eu não poderia esquecer de forma alguma. Muitos pensamentos vieram à tona: o que faço aqui no meio...