Têm-se confundido — muitas vezes — alegria com fuga de si. Lá fora, existem muitas barracas de pseudoalegrias para vender. Mas, ao retornar para o lar, torna-se perceptível que era apenas ilusionismo. Com a terceirização da alegria — se assim posso dizer — nos tornamos dependentes do excesso para que o sorriso apareça no rosto. Mas, na verdade, a alegria é discreta.
Quando era criança, me sentia alegre com o abraço dos meus pais, com a roupa que aquecia, com um inesperado banho de mangueira, com uma acerola colhida fresquinha do pé. Acordava feliz e dormia feliz. Criança sabe ser presente. Porém, com a educação para o futuro, aconteceu uma distorção. Enredei-me na crença — limitante — que dizia que a alegria estava ao passar no vestibular, e não estava. Que estava na formatura, e, mais uma vez, não estava. Então, parei no meio do caos exterior incessante e entendi que no futuro não há alegria, pois ela consiste em voltar os olhos para o momento e receber o presente. É nele que a alegria...