Comumente buscamos fazer o mais conhecido, o mais cômodo, o mais fácil. A falta de vontade e disposição para interromper ciclos viciosos e improdutivos, a falta de coragem para começar algo novo ou desafiador e de engajar em um projeto de vida que demande autodisciplina e comprometimento nos faz desenvolver mecanismos para realizar nossas tarefas o mais rápida e praticamente possível.
A partir daí, problemas a serem resolvidos já não nos competem, impasses no trabalho não chegam até nós, nossas participações em debates são no máximo como espectadores. A rotina é algo bem mais seguro: acordar, seguir à risca o horário do trabalho, chegar em casa e dormir. Realmente não tem como falhar seguindo a rotina; está criada a zona de conforto.
A zona de conforto nos proporciona uma falsa sensação de segurança. E nessa sensação não há espaço para sonhos, projetos nem perspectiva. É um lugar de sossego, porém a comodidade não permite que tenhamos a audácia de ao menos tentar. É uma zona protegida do medo, mas também de conquistas. É uma inércia que faz com que a gente não...
Para muitas pessoas, acredito que a situação da pandemia tenha causado mudanças de hábitos, padrões no dia a dia e dentro de si mesmas. Diante do caos, é muito comum termos medo e querermos nos agarrar a algo para sentir segurança, seja num relacionamento ou num emprego. E quando, no entanto, esse caos demora mais do que o esperado? E quando o caos parece ser a nova realidade? É porque a entrega deve acontecer e dela nasce a reinvenção do que pensávamos ser.
Dentro da nossa vida, creio que acontecem pequenas mortes e esses choques de realidade, muitas vezes encarados com pesar e tristeza, são finais de ciclos e, depois do fim, sempre há um início. É só depois da tempestade que novos dias podem surgir com mais brilho e cor. E durante o caos? Fomos acostumados a crer no fato de que o que está organizado é bonito e bom e o que está bagunçado é feio e ruim, porém existe, sim, beleza no caos, porque ele significa mudança e, enquanto estamos mudando, é sinal de que estamos vivos.