Quando se tem arrependimentos, falta-lhe o passado. Anseia por oportunidades do passado para desfazer ou acrescentar ou alterar o rumo do passado. Isto é viver no passado, e o passado, uma flutuação no ecrã da vida, não pode ser desfeito. Não se pode mudar os acontecimentos. Só se pode agonizar sobre o que nunca foi de qualquer forma.
Acha que algo aconteceu quando conheceu alguém e se separou, ou nunca chegou a conhecer alguém, ou não aceitou um determinado emprego, e apenas se o tivesse feito, ou aceitou um determinado emprego, e se não o tivesse feito. Tal como não se pode prever e viver no futuro, não se pode imprevisibilizar o passado.
O passado foi um cenário que se moveu para além de si. E você, você mesmo, passou um reflexo do que pensava ser você. Viu passar uma imagem passageira de si mesmo, e pensou que era você. Porque fazia parte da paisagem passageira, pensava que era existencial. Mas uma pessoa que não te movia, uma pessoa que te mudava profundamente, confundia o reflexo...