Só mais um bombom pra desapegar
Por Marisa Pretti
16 de novembro de 2020
Luísa, minha filha, a segunda da ninhada de três gatinhas, colecionava papéis de bombons, organizados tanto quanto ela, virginiana.
As embalagens esticadíssimas, coladas em papel sulfite, escorregavam dentro dos plásticos transparentes e ali ficavam, presas pela ferragem prata em uma pasta catálogo preta com a capa e a contracapa decoradas.
Até outro bombom ser degustado.
Vejo a pasta dela separada entre outras coisas para doação descartada do armário. Ela, crescida e adolescente, diz que não sente mais vontade de colecionar.
Puxa, filha, tanto trabalho para juntar essas embalagens lindas e a coisa termina assim?
Sem nenhuma mordidinha em um último bombom de despedida?
Por minha máxima teimosia, a pasta meio mofada está engavetada até hoje. Guardei. Nunca se sabe.
E eu sei. Quem guarda tudo mofa ainda mais que a pasta.
Hoje, ela coleciona chaveiros, já tem bem mais de 800.
A cada viagem dela, nossa ou de amigos, é fato: aumenta o tilintar das argolas na coleção.
Por que guardei as embalagens de bombons? Por...