Há dois anos venho regando um lírio que nunca floresceu.
Lembro-me do dia em que o ganhei de presente.
Lembro-me do pequeno bulbo nas mãos da Carmen, envolto em um tule branco.
Plantei-o imediatamente.
Rapidamente brotou, surgiram lindas e longas folhas, que mais pareciam cachos.
Enfeitei o seu vaso, enriqueci a terra, mudei de posição.
Nada.
Por algum motivo, eu achava que ele estava ligado ao meu crescimento, que ele floresceria quando eu também florescesse. O que eu estava fazendo errado?
Até o dia em que tudo mudou e percebi que a única coisa errada era o meu ponto de vista.
Percebi: para mim, ele sempre foi um lírio, ainda que não estivesse suficientemente maduro (ou seguro) para desabrochar e oferecer flores. Sempre um lírio.
Talvez seja assim que o Criador me vê: puro potencial! Ele sabe quem sou e do que sou capaz.
Mesmo que, muitas vezes, eu seja apenas longos cachos que precisam de cuidados, em outros momentos sou a flor capaz de perfumar todos os ambientes.