Uma experiência com Vó Maria
Através de Talita Rebello.
27 de julho de 2016.
Minha Vó, minha primeira Maria, nasceu em 1920.
Até casar – aos 16 anos – estudou em um colégio interno que ficava a quase 300km da cidade em que moravam os pais. Duas vezes por ano o seu pai organizava uma comitiva para busca-la e leva-la para a escola. Iam a cavalo, entre cobras e jaguatiricas. Dormiam em pousos distribuídos ao longo do caminho, atravessavam rios, tomavam chuva (abençoada memória, aos quase 90 anos ela ainda lembrava de tudo: Rio Guaricanga, a Estalagem São Pedro).
Com as freiras aprendeu a falar francês, a bordar e a tocar violino.
Foi levada ao altar por um príncipe encantado, o grande amor da vida dela. Esse homem, com muito humor e muita delicadeza, terminou de criar essa adolescente que, nove meses depois, dava a luz à sua primeira filha. Ou seria mais uma de suas bonecas?
Era tão linda, olhos tão azuis, tão pequena. Luiza. Não, Luizinha – e assim é em sua certidão de nascimento.
Ficou viúva muito cedo, com quarenta e seis anos e doze filhos, dois epiléticos.
Mudou-se para a cidade...