Estar no intenso vácuo do silêncio, para muitos, pode ser ensurdecedor.
E por que tende a ser tão difícil ficar em paz com a gente mesmo, em comunhão com nossa intuição mais sutil, ouvindo apenas as vozes de dentro?
Pois é. Quando o assunto pede menos interação, menos extroversão e recolhimento, nos parece tarefa árdua, do lado de cá, no Ocidente. Não fomos ensinados a crer no poder das poucas ou nenhuma palavra proferida.
É preciso que estejamos sempre a vomitar qualquer verbo direto ou indireto, bobagens quaisquer de uma bebedeira entre amigos, em mesas de bar. Marcar presença e abrir a boca, por si só, parece bastar.
Mas por que tendemos a crer que o silêncio não traz respostas? Que a sabedoria reside tão somente no ato de falar?
E escutar o que emanamos de nossa alma? Qual o valor que isso tem?
Nossos sinais, nossa intimidade com o olhar, os gestos e plácidas demonstrações?
Muitas vezes, é no silenciar, no palpitar do coração, no arrepiar da pele e no transpirar pelos poros...